FÍGADO E SUAS DOENÇAS: O QUE PRECISO SABER

FÍGADO E SUAS DOENÇAS: 

O QUE PRECISO  SABER


Médico especialista em doenças do fígado (Hepatologia)


O fígado é um dos órgãos do corpo humano que mais sofre agressões no dia-a-dia, seja por agentes internos ou externos. Os agentes internos se originam do próprio organismo e os mais importantes são autoanticorpos (que tentam destruir o fígado), proteínas tóxicas, colesterol, triglicérides etc. Dos agressores externos, os mais importantes são vírus, bactérias, parasitas, fungos, medicamentos, ervas (leia, neste blog, três artigos sobre drogas e ervas), álcool, cocaína e outras coisinhas mais.

Bem, se o fígado é agredido, como ele responde ao dano? Clinicamente, aumentando de volume (hepatomegalia). Contudo, o melhor indicador do processo inicial de lesão do fígado são os resultados encontrados nas chamadas provas laboratoriais (bioquímicas) de avaliação do órgão.
No arsenal médico, há alguns testes bioquímicos sanguíneos que podem ser utilizados para medir o nível de agressão ao fígado, porém os mais sensíveis e os de maior representatividade são a avaliação de duas enzimas produzidas em parte pelo fígado ou por outros órgãos. A primeira é a transaminase glutâmica oxalacética (TGO), hoje chamada de aspartato aminotransferase (AST), e a segunda é a transaminase glutâmica-pirúvica (TGP), atualmente designada de alanino aminotransferase (ALT).

Os níveis no soro das aminotransferases são significativamente maiores nos homens do que nas mulheres. É notório que a idade também é fator determinante na variação dos valores das aminotransferases. Até os 15 anos de idade, a atividade da AST é discretamente maior do que a da ALT; já entre maiores de 15 anos, a atividade da ALT tende a ser maior do que a da ALT. Por outro lado, acima dos 60 anos, os níveis da ALT e da AST se tornam semelhantes em relação à atividade no soro. Indivíduos de origem africana (sem doença hepática) apresentam taxas maiores das aminotransferases, se comparadas aos níveis encontrados entre brancos.

Quando se deve considerar que o aumento da ALT e da AST no soro representa doença hepática? Discute-se muito no meio médico científico tal fato. Contudo, considero e sigo este procedimento: se o paciente apresentar, principalmente, nível de ALT duas vezes maior do que o valor normal, deve ser investigado. Como exemplo pode-se citar o que acontece com portadores do vírus da hepatite C. Número significativo desses pacientes apresenta as aminotransferases pouco alteradas e pode ser portador de hepatite crônica bastante avançada.

A enzima AST (aspartato aminotransferase) é encontrada em ordem decrescente no fígado, músculos do coração e esqueléticos, rim, cérebro, pâncreas, pulmão, células brancas (leucócitos) e vermelhas (eritrócitos). Torna-se patente que a AST não é uma enzima específica do fígado. Quando órgãos são lesados (necrose do tecido), há liberação da AST para o soro, sendo ela quantificada através de exames bioquímicos. Os valores normais da AST são diferentes conforme o método de avaliação utilizado, todavia, os valores mais aceitos são abaixo de 32 unidades internacionais por litro (32 UI/l).

A AST é aumentada no soro e maior do que a ALT nas seguintes condições:
1. infarto agudo do miocárdio (AST de origem cardíaca);
2. lesão muscular aguda (por grandes traumas ou em portadores de rabdomiólise );
3. portadores de cirrose hepática avançada de qualquer causa;
4. determinadas doenças infecciosas (leptospirose);
5. doenças hepáticas agudas e crônicas alcoólicas;
6. doenças de origem biliar obstrutiva (pedra na vesícula, por exemplo);
7. doenças da tireoide;
8. doença celíaca (doença do intestino delgado por intolerância permanente a glúten);
9. falso aumento das transaminases (cetoacidose diabética, uso de eritromicina).

A enzima ALT (alanino aminotransferase) apresenta maior concentração no fígado, sendo a sua avaliação a mais útil na investigação das doenças do órgão. A enzima é liberada pelo fígado após a destruição do tecido hepático e encontrada rapidamente no sangue. Sabe-se que, tanto em pessoas sadias quanto em hepatopatas, o nível da ALT é maior durante o dia (eleva-se no período da tarde) do que à noite.

Os valores normais da ALT também variam conforme o método de análise utilizado, todavia, os valores mais aceitos são abaixo de 28 UI/l. O risco relativo de morte entre pacientes do sexo masculino e portadores de doença hepática crônica (ALT elevada) é bem maior do que nos pacientes do sexo feminino.

Há aumento da ALT no soro e elevação em relação à AST nas seguintes condições:
1) hepatite aguda (viral, principalmente, com níveis que podem chegar até a 14.000 UI/l);
2) hepatites crônicas (na hepatite crônica delta, se observa um discreto aumento da AST em comparação à ALT);
3) esteatose hepática associada a obesidade;
4) intoxicações agudas por drogas.

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